Quem foi Pôncio Pilatos, poderoso governador romano que teria 'lavado as mãos' diantebetfair e bomJesus :betfair e bom

Jesus sendo julgado por Pilatos,betfair e bompinturabetfair e bom1881 do pintor húngaro Mihály Munkácsy

Crédito, Domínio Público

Legenda da foto, Jesus sendo julgado por Pilatos,betfair e bompinturabetfair e bom1881 do pintor húngaro Mihály Munkácsy

O que pesquisas indicam, contudo, é que a visão simpática a Pilatos, construída pelos cristãos daquele tempo, tenha um fundobetfair e bomantissemitismo — afinal, o governador era o representante da Roma dominante naquela terra onde viviam os judeus. E os cristãos primitivos tinham na aristocracia judaica os seus rivais, aqueles que não aceitavam a nova seita que surgia.

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"Todas as quatro narrativas evangélicas [Marcos, Mateus, Lucas e João] afirmambetfair e bomforma categórica que Pôncio Pilatos teve participação direta sobre a mortebetfair e bomJesus. Mas não confundamos. Não são quatro autores independentes entre si falando sobre Pilatos", atenta à BBC News Brasil o historiador André Leonardo Chevitarese, professor na Universidade Federal do Riobetfair e bomJaneiro (UFRJ) e autor de, entre outro livros, Jesusbetfair e bomNazaré — O que a História tem a dizer sobre ele.

Ele explica: Marcos, autor do texto mais antigo dentre os quatro evangelhos, foi fonte para as versõesbetfair e bomMateus e Lucas. "E eles simplesmente seguiram a narrativa marcana, aumentando ou diminuindo um detalhe aqui ou acolá", pontua Chevitarese.

"João também falabetfair e bomPilatos, masbetfair e bomforma independente. Então temos dois autores, no fundo, dizendo que Pilatos participou da mortebetfair e bomJesus", conclui.

Antissemitismo

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Segundo as narrativas bíblicas, há um consenso: ele seria um homem que não identificabetfair e bomJesus qualquer crime, qualquer responsabilidade. "Ao contrário, tenta argumentar às lideranças judaicas, no particular, e ao povo judeu, no geral, que Jesus não merecia morrer. No máximo, merecia tomar ali umas chicotadas, umas pancadas e depois que fosse mandado embora. Essa era a decisãobetfair e bomPilatos conforme as narrativas evangélicas", analisa o historiador.

Essa leitura denota que há um antissemitismo nas narrativas. Afinal, quem "lava as mãos" é o representante do império romano opressor. E quem condena, segundo esses textos, são os judeus — o povo e as autoridades religiosas.

A explicação, esclarece Chevitarese, tem lastro histórico. "No momentobetfair e bomque as narrativas evangélicas estão sendo escritas, Marcos na primeira metade dos anos 70 [do primeiro século da Era Comum], Mateus nos anos 80, Lucas entre os anos 90 e 100, e a própria narrativabetfair e bomJoão, situada aí na viradabetfair e bomséculo, entre 100 e 110, qual é a questão? O Templobetfair e bomJerusalém havia sido destruído por um incêndio quando [o general] Tito entrabetfair e bomJerusalém [no ano 70], parte da cidade havia sido destruída pelas legiões romanas, a muralha já estavabetfair e bomruínas..."

"Todos esses acontecimentosbetfair e bomtornobetfair e bomJerusalém foram lidos pelos seguidoresbetfair e bomJesus como uma vingança ou um castigo divino pelo fatobetfair e bomos judeus terem matado Jesus. Então esse é o contexto, essa é a ideia", contextualiza.

"E já estavabetfair e bomcurso um diálogo, que havia começado com [o apóstolo] Paulo, entre seguidoresbetfair e bomJesus e autoridades romanas nos âmbitos locais das cidades sob o domínio imperial disseminadas pela bacia mediterrânea", acrescenta.

Professor na Pontifícia Universidade Católicabetfair e bomSão Paulo (PUC-SP) e na Faculdade São Bento, o teólogo, filósofo e jornalista Domingos Zamagna ressalta à BBC News Brasil que "os relatos da Paixãobetfair e bomJesus não devem ser lidos como um boletimbetfair e bomocorrência, semelhante aos que são lavrados nos nossos distritos policiais".

"A leitura deles, do pontobetfair e bomvista acadêmico, requer o conhecimento dos textos antigos. Fazer história, para muitas tradições, significa compôr discursos, sentenças, parábolas, etc, e colocá-los nos lábios das figuras as quais se quer apresentar", analisa ele. "Para isso, os redatores recolhem tradições, quase sempre orais, e as inserem, no caso da Bíblia, na esfera propriamente teológica."

O historiador Chevitarese chama o fenômenobetfair e bom"teologia da cruz". "São muito mais relatos teológicos do que históricos. Dizem mais a respeitobetfair e bomcomo um homem bom, Jesus, conheceu a mortebetfair e bomum sujeito mau, na cruz, e como Deus, no terceiro dia, trouxebetfair e bomvolta aquele sujeito bom para mostrar que ele nunca foi um sujeito mau", resume.

"Mas as religiões judaica e cristã são religiões históricas", pondera Zamagna. "Dão muito valor à proximidade, à inserção da revelação na comunidade humana, que se realiza, obviamente, no tempo, no espaço, nas culturas."

Pilatos interroga Jesus,betfair e bompinturabetfair e bom1890 do russo Nikolai Ge.

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Legenda da foto, Pilatos interroga Jesus,betfair e bompinturabetfair e bom1890 do russo Nikolai Ge

Violento e corrupto

Para traçar um perfil o mais abrangente possívelbetfair e bomPilatos é preciso recorrer também aos autores não religiosos. A autoridade romana aparecebetfair e bomtextosbetfair e bompelo menos três outros: o historiador Flávio Josefo (37-100), o filósofo Fílonbetfair e bomAlexandria (15 a.C. - 50 d.C.) e o senador romano e historiador Caio Tácito (56-117).

Além desses relatos praticamente contemporâneos a ele, um índicio que comprovabetfair e bomexistência, há também achados arqueológicos que atestam que Pilatos foi um personagem historicamente real.

"Três autores não cristãos falando sobre Pilatos, isso quer dizer que Pilatos existiu, não é uma invenção, uma criação cristã", avalia Chevitarese. "E temos, do pontobetfair e bomvista arqueológico, uma pedra com uma inscrição, descoberta nos anos 1960, que falabetfair e bomPilatos como o procurador da Judeia. Portanto, Pilatos efetivamente existiu, é uma figura histórica."

Mas a junção do quebra-cabeças entre fontes históricas e religiosas ainda conta um pouco sobre quem foi realmente Pôncio Pilatos. Sabe-se que ele foi o quinto a governar a então província romana da Judeia, e quebetfair e bomgestão durou 10 anos,betfair e bomalgum intervalo entre os anos 25 e 37.

Pobre e distante da capital, a Judeia não era das províncias mais cobiçadas, o que indica que Pilatos não gozavabetfair e bomtanto prestígio assim no império. No cargo, ele tinha poder literalmentebetfair e bomvida e morte sobre os cidadãos — ou seja, podia condenar à morte. Entre suas atribuições também estava abetfair e bomnomear o sumo sacerdote, o que o tornava próximo, na esferabetfair e bompoder, dos poderosos judeus. Ele tinha ainda poder militar, judicial e fiscal — era o responsável pela coleta dos impostos.

"Pilatos não vem das grandes famílias senatoriais, os grandes proprietáriosbetfair e bomterra ou o que nós chamaríamosbetfair e bomos patrícios romanos. Ele é da ordem dos cavaleiros. Portanto, seria alguém que, guardadas as devidas proporções, chegou a ocupar altos postos da estrutura imperial romana sem ter um grande pedigree atrásbetfair e bomsi", analisa Chevitarese. "Mas ele tinha suas conexões, suas relaçõesbetfair e bomamizade. E soube jogar o jogo das relações dentro do império romano."

Antesbetfair e bomassumir o posto na Judeia, ele foi procuradorbetfair e bomAlexandria. "Ali, na riquíssima cidade egípcia, Fílon o acusabetfair e bomser um indivíduo absolutamente inconsequente nos seus atos, violento, que não tem o mínimobetfair e bomrespeito e sensibilidade para lidar com quem não é romano. E corrupto", diz o historiador Chevitarese. "Fílon chega a falar que ele é ladrão, alguém que mete a mão no dinheiro e nos bens dos outros."

"Há um elemento comum sobre o caráterbetfair e bomPilatos [nos relatos históricos] que deixa claro: ele era alguém violento. E, sem sombrabetfair e bomdúvidas, alguém que percorreu os caminhos administrativos e militares para ocupar postos elevados", complementa.

"Tanto Fílon quanto Josefo citam uma carta na qual a figurabetfair e bomPilatos aparece, e o fazembetfair e bomuma maneira extremamente desfavorável. Ele seria um cara áspero, obstinado, um sujeito violento, cruel, um verdadeiro saqueador, alguém que agiabetfair e bommaneira intempestiva executando pessoas sem o processo legal", conta Moraes. "Ele tinha uma sériebetfair e bomdefeitos."

Um exemplo: por respeito aos judeus, quando os procuradores romanos assumiam uma administração territorialbetfair e bomregiãobetfair e bommaioria judaica não traziam os estandartes com a imagem do imperador. "Os judeus não gostavam porque aquilo poderia representar uma espéciebetfair e bomidolatria", explica o teólogo. "Só Pilatos teria [quebrado essa tradição e] trazido essas imagens quando assumiu o cargo, secretamente, à noite. Os judeus ficaram sabendo e acabaram pedindo uma audiência com ele."

Segundo os relatos, ele aceitou a audiência, reuniu uma multidãobetfair e bomum estádio e,betfair e bomrepente, ordenou que seus soldados se voltassem contra o povo ali confinado. "Houve um grande númerobetfair e bommortos", afirma Moraes.

"Ele também teria desviado dinheiro do templobetfair e bomJerusalém para construir um aqueduto. Só que esse dinheiro era considerado sagrado pelos judeus. Não há indíciosbetfair e bomque tenha havido corrupção, mas como ele interferiubetfair e bomuma questão religiosa, os judeus também protestaram contra ele. E, mais uma vez, os soldados teriam matado alguns judeusbetfair e bommaneira traiçoeira", narra. "Bastava um protesto e ele agia com muita força."

Por volta do ano 35 teria ocorrido uma procissão samaritana ao Monte Gerizim e ele ordenou que o movimento fosse reprimido à força, deixando novamente muitos mortos. "No final das contas, são relatos que vão aparecendo e atestam a historicidade dele", salienta Moraes.

Pilatos apresenta Jesus à multidão judaica,betfair e bompinturabetfair e bom1850, do suíço-italiano Antonio Ciseri

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Legenda da foto, Pilatos apresenta Jesus à multidão judaica,betfair e bompinturabetfair e bom1850, do suíço-italiano Antonio Ciseri

Na Bíblia, um homem justo

"Há um consenso entre os exegetas [aqueles que se dedicam a interpretar textos, sobretudo os religiosos] que Pilatos teria sido uma figura histórica, embora historicamente não se confunda com aquele Pilatos bíblico, aquele apresentado pelos evangelhos", enfatiza à BBC News Brasil o pesquisador Thiago Maerki, estudiosobetfair e bomCristianismo antigo e associado da Hagiography Society, dos Estados Unidos.

"Nos evangelhos, vemos nele um homem indeciso, preocupado com a justiça. Enquantobetfair e bomoutros relatos há descriçõesbetfair e bomcrueldade e obstinação", pontua o especialista. "Enquanto na Bíblia temosbetfair e bomPilatos uma espéciebetfair e bomrepresentação da justiça, essa imagem cai por terra quando a gente lê os relatosbetfair e bomJosefo e vemos um homem cujos objetivos era controlar a população a ferro e fogo."

Ele lembra que, logo nas primeiras décadas do cristianismo, diversas lendas passam a surgir sobre a vida dessa autoridade. "Florescem narrativas, algumas chegam a considerá-lo santo, mártir. Ele é lembrado como mártir pela igreja copta e como santo pela igreja etíope, isso é extremamente curioso e poucos sabem disso", comenta. Em comum, essas histórias tratambetfair e bomum suposto arrependimentobetfair e bomPilatos por não intervir a favorbetfair e bomJesus — e que a antiga autoridade romana teria, por fim, se convertido ao cristianismo.

De acordo com análise do teólogo Moraes, a presençabetfair e bomPilatos nas narrativas bíblicas serve a dois propósitos simbólicos. O primeiro é demonstrar a presença forte do Estado romano na terra onde Jesus nasceu. "A decisãobetfair e bomcondenar alguém à morte só poderia ser dada por essa autoridade", enfatiza. "Simbolicamente falando, isso mostra que o julgamentobetfair e bomJesus teve seu nascedouro no embate com a tradição judaica. Lendo os evangelhos, principalmente obetfair e bomJoão, percebemos Pilatos tentando se desvencilhar daquela situação, dizendo [às autoridades judaicas]: isso é um problemabetfair e bomvocês."

A segunda funçãobetfair e bomcitar essa figura é conferir um lastro histórico à própria vidabetfair e bomJesus. "Dá um caráter histórico", pontua Moraes. "A presençabetfair e bomuma autoridade romana [nos relatos] confirmam não só o domíniobetfair e bomRoma naquela região, naquele território da Palestina, mas também a historicidadebetfair e bomtudo aquilo."

Ele pontua que há apenas uma passagem bíblicabetfair e bomque Pilatos é pintado com cores ruins. Está no textobetfair e bomLucas. "Nesse momento, aproximaram-se pessoas que relataram o caso dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara ao dos seus sacrifícios", diz o trecho, referindo-se às execuções que teriam sido autorizadas pela autoridade.

"Em geral, os evangelhos apontam Pilatos como uma figura importante e justa", reafirma. Na narrativabetfair e bomMateus, ele pergunta "que mal ele fez?", quando Jesus é trazido até ele para a sentençabetfair e bommorte. Em João,betfair e bomhesitação é semelhante: "Que acusação trazem contra este homem?".

"Perguntou-lhe Pilatos: 'Que é a verdade?'. Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: 'Eu não acho nele crime algum'", também consta do evangelhobetfair e bomJoão.

Outros textos do Novo Testamento também buscam redimi-lo -- e atribuir a condenaçãobetfair e bomJesus como culpa exclusiva dos judeus. É o caso do trechobetfair e bomAtos dos Apóstolos, escrito pelo mesmo Lucas do evangelho, que diz assim: "[...] o Deusbetfair e bomnossos pais glorificou o seu servo Jesus que vós entregastes e rejeitastes na presençabetfair e bomPilatos, que estava decidido a soltá-lo".

"Percebe-se [nos relatos bíblicos] uma pressão muito forte para tentar mostrar quem sãobetfair e bomfato os verdadeiros inimigos que entregaram Jesus para a autoridade romana, enfatizando com muita força que os judeus teriam feito até chantagem [a Pilatos], dizendo 'olha, se você é amigobetfair e bomCésar, não pode tolerar que alguém queira estabelecer um reino neste mundo'", ressalta Moraes.

O único registro da vida pessoalbetfair e bomPilatos, considerando tanto os textos religiosos quanto os não religiosos, é uma passagem do evangelhobetfair e bomMateusbetfair e bomque fica dito que ele era casado. Curiosamente, o trecho mostra quebetfair e bommulher teria tentado interferir no casobetfair e bomJesus. "[...]betfair e bomesposa mandou dizer-lhe: 'Não te envolvas na questão deste justo! Pois hoje estive muito aflitabetfair e bomsonho por causa dele'", afirma o trecho.

As narrativas bíblicas ainda demonstram empatia da autoridade romana com aquela situação ao, segundo esses registros, ter autorizado que o corpobetfair e bomJesus fosse sepultado. "Os costumes prescreviam que os corpos daqueles supliciados deveriam ser jogados numa vala comum, mas os quatro evangelistas relatam que Pilatos entregou o corpo e foram tomadas as providências para o seu sepultamento. Isso indica que ele foi alguém caridoso a esse ponto", pontua Moraes. "Contrariando os interesses dos judeus, que não gostariambetfair e bomter visto aquilo, [os evangelhos indicam que] Jesus teve um enterro digno."

Na simbologia que se tornou mais forte — e fez com que Pilatos merecesse ser lembrado inclusive na oração do Credo —, o evangelhobetfair e bomMateus conta que, durante o julgamento, "vendo que aquilobetfair e bomnada adiantava", ou seja, que os judeus estavam convencidos da necessidade da pena capital para Jesus e "que a situação ia dandobetfair e bomrevolta, Pilatos tomou água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: 'Eu sou inocente deste sangue. Toda a responsabilidade é vossa!'".

Lavou as mãos.

Teologia da cruz

Zamagna explica que "quase todos os personagens e fatos ali mencionados" -- no episódio da mortebetfair e bomJesus, a chamada Paixão -- "têm um lastro que pode ser controlado pela história, pela arqueologia, pela linguística, etc.". "Mas a intenção da narrativa é teológica, para suscitar a fé dos leitores. Logo, não se deve dar excessivo valor a tudo, como se os cristãos estivessem registrando o que serviria para pleitear uma herança, uma indenização, uma promoção", pondera.

Mas para dar lustre e lastro histórico à real participaçãobetfair e bomPilatos na mortebetfair e bomJesus é preciso separar a tal "teologia da cruz" da historiografia da época. Em primeiro lugar, ressalta Chevitarese, "Jesus nunca foi julgado".

"Não percamosbetfair e bomvista o contexto da prisãobetfair e bomJesus. E prisão aqui entre aspas, muito entre aspas", comenta. O contexto era a Páscoa, festa judaica que celebra a saída dos hebreus do Egito, onde viviam na escravidão, para a chamada Terra Prometida, "onde corria o leite e o mel".

"Ou seja: Jerusalém estava fervilhandobetfair e bomjudeus, tanto dos próprios territórios judaicos quanto também os vindos dos mais diferentes lugares da bacia mediterrânea e para além dela", diz o historiador. "E Páscoa não é uma festa religiosa, mas uma festa política."

Mas se a data celebrava um povo que, depois da escravidão encontrava a liberdade na nova terra, como ficava a situação do domínio romano? "Nós, historiadores, nos perguntamos: que liberdade os judeus viviam sendo suas terras ocupadas pelo império romano?", questiona Chevitarese. "Então a Páscoa é uma festa política, muito mais do que religiosa, e havia um mau estar muito grandebetfair e bomse relembrar o que Deus teria feito pelos seus filhos e, ao mesmo tempo, ver os romanos como senhores dessas terras, e não os judeus."

Por isso, o historiador entende que Pilatos "estava muito preocupadobetfair e bomgarantir que a festa da Páscoa não virasse um motim judaico ou explodisse uma violência dentrobetfair e bomJerusalém contra as guarnições romanas". Provavelmente encastelado na fortaleza Antônia, praça-forte na extremidade orientalbetfair e bomJerusalém, ele buscava administrar o caos. "Acompanhava a pressão, o zunzunzum e todo o contexto que poderia, a qualquer momento, como um rastilhobetfair e bompólvora, explodir", pontua.

"Pilatos não estava preocupadobetfair e bomsair pelas ruas para prender um agitador qualquer que aparecesse por ali. Mas ele já tinha dado ordens: 'olha, se aparecer um agitador, pega e manda para a cruz'", explica o historiador.

Nesse sentido, não houve julgamento. "Imagina se num contexto político desses um judeu ia ser julgado por uma autoridade romana. Imagina se um judeu sairia arrastando uma cruz pelo meio das estreitas ruasbetfair e bomJerusalém velha até chegar ao Gólgota [o Calvário, nome da colina que ficava forabetfair e bomJerusalém e era onde se faziam as crucificações]. Isso tudo seria um rastilhobetfair e bompólvora. Esta é a narrativa teológica, não a histórica", argumenta.

"Histórico é: Jesus foi identificado como possível candidato messiânico, possível líder popular. Então, soldados romanos o prenderam e o arrebentarambetfair e bompancada, torturaram, quebrarambetfair e bompaulada já no caminho para a cruz. Sofrendo todas essas violências ele chegou ao Gólgota", conta Chevitarese. "Chegou lá, acabou. Prendem-no na cruz e deixam-no morrer."

"Pilatos tem participação? Em última instância ele mandou matar Jesus, mas nunca houve julgamentobetfair e bomJesus", conclui o historiador.

Para provar seu ponto, ele argumenta que mesmo a Roma antiga tendo sido um Estado que "produziu milhões e milhões e milhõesbetfair e bomdocumentos", não chegou aos dias atuais nenhum texto falando sobre julgamentobetfair e bomcrucificados.

E o mesmo valeria para o relato bíblico do sepultamentobetfair e bomJesus. De acordo com pesquisas historiográficas e arqueológicas, os condenados à cruz não tinham direito a enterro: seus corpos ficavam dependurados até apodrecerem e, depois, acabavam devorados por avesbetfair e bomrapina e outros animais carniceiros.

"Seis mil escravizados foram crucificados durante a revoltabetfair e bomEspartáco [nos anos 70 d. C.] na Via Apia, no coraçãobetfair e bomRoma. E onde estão seus ossos? Nunca foram encontrados. Porque nunca foram enterrados", justifica. "Nos anos finais do cerco a Jerusalém por parte dos romanos,betfair e bom69 e 70, Josefo falabetfair e bom500 crucificados por dia. Cadê os ossos desses caras? Nunca encontramos, nunca foram encontrados."

Os pouquíssimos achados arqueológicosbetfair e bomrestos mortaisbetfair e bomsepultamento com marcas indicando morte por crucificação se configurariam como exceções — provavelmente porque eram executados ligados,betfair e bomalguma forma, às esferasbetfair e bompoder. "Jesus era a regra, não a exceção. Pelo seu estatuto socioeconômico e político, era um miserável, paupérrimo. Jamais seria enterrado", afirma Chevitarese.